A consagração a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria.

     A consagração ou escravidão de amor a Jesus por Maria é uma devoção muito antiga, que remonta os primeiros séculos da Igreja. Com o passar do tempo, a consagração passou a ganhar novos elementos, como a criação de fórmulas e orações a Santíssima Virgem. Grandes santos, como Santo Agostinho, São Domingos, Santo Afonso Maria de Ligório, escreveram sobre Nossa Senhora e sua importância para a Igreja e para a vida dos cristãos. Esta evolução da devoção a Maria ganhou, com São Luís Maria Grignion de Montfort, um método de consagração.

     Este método de consagração é a escravidão total a Maria, que é a entrega de tudo o que temos e somos nas mãos da Santíssima Virgem, para que possamos pertencer de modo mais perfeito a Jesus. Esta consagração, ou escravidão de amor a Nossa Senhora, tem como finalidade a união com Cristo e o crescimento na graça de Deus. A maior intimidade com Jesus, por Maria, nos ajuda a compreender os desígnios de Deus e cumprir a Sua vontade em nossa vida.

     A princípio, a consagração total a Maria, de que nos fala o Tratado, pode parecer contrária ao catolicismo, pois este tem Cristo como centro. Porém, São Luís deixa claro no Livro que a consagração a Virgem não se opõe à fé em Jesus e na Igreja, mas, ao contrário, nos leva viver com fidelidade os mandamentos da lei de Deus. Quem faz a consagração, segundo o Tratado, se compromete a ser fiel às promessas do batismo, ou seja, renunciar ao mal e ao pecado, e viver a vida nova em Cristo. Esta entrega total de tudo nas mãos de Maria, será uma ajuda para viver essa vida nova, pois Ela tudo entregará nas mãos do Filho, que nos fortalecerá na graça.

     A consagração total a Virgem Maria tem como característica fundamental a entrega de tudo nas mãos de Nossa Mãe. Pode parecer exagero entregar tudo nas mãos de Maria, mas, ao fazer isso, estamos confiando tudo a Jesus. Quando dizemos que ao fazer a consagração entregamos tudo a Nossa Senhora, é porque entregamos a Ela tudo mesmo. Entregamos a Maria todo o nosso ser, nossa inteligência, nossos afetos, nosso corpo, nossa alma. Confiamos a Ela nossos sonhos, projetos, bens materiais e, principalmente, os espirituais. Esses bens espirituais são as indulgências, as satisfações e os méritos das nossas orações, da participação da Santa Missa e de outros atos litúrgicos.

     Ao entregar todo o nosso capital de graças a Maria não perdemos, mas, ao contrário, ganhamos, pois Ela vai usá-los da melhor maneira possível, para a intenção mais urgente ou para a pessoa que mais precisar. Podemos perguntar: depois de entregar tudo a Maria, o que acontecerá quando precisarmos? A resposta é simples: Nossa Senhora não nos desamparará, mas ao contrário, Ela usará a oração dos seus filhos e seus próprios méritos, que são muito maiores que os nossos, em nosso favor. Podemos pedir o cuidado de Maria por nós ou outra pessoa ou situação, mas, é Maria quem dispõe das nossas orações como ela quer. Vivendo essa verdadeira pobreza espiritual, de não ter nem mesmo intenções das nossas orações, nos santificamos e nos aproximamos, cada vez mais, de Cristo da Igreja.

     A consagração total a Santíssima Virgem, pelo método de São Luís Maria, é um caminho rápido e seguro de santificação e, por isso, um caminho rápido e seguro que nos leva a Jesus Cristo e à salvação que Ele alcançou para nós. A consagração não dispensa o nosso esforço para vencer as dificuldades e para corresponder à vontade de Deus, porém, é um caminho mais fácil de santificação e de alcançar a salvação. Unidos a Virgem Maria, que está sempre conosco para nos ajudar, estaremos mais unidos a Jesus. Ainda que soframos alguma queda, Ela nos ajuda a levantar e a continuar no caminho que conduz a Cristo e, com Ele, a Salvação.

PAPAS QUE APROVARAM A TOTAL CONSAGRAÇÃO
PELO TRIUNFO DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

Clemente VIII (1592-1605) – Confere grande indulgência a Confraria dos Escravos.

Gregório XV (1621-1623) – Confere indulgências aos Escravos de Nossa Senhora;

Urbano VIII (1623-1644) – Este Soberano Pontífice, consultado sobre as práticas exteriores da Santa Escravidão de Amor, especialmente sobre o uso das correntes, aprovou de modo elogioso tão louvável fervor, escrevendo a Bula ‘’Cum sicut accepimus’’(de 20 de julho de 1631), onde concede grande número de indulgências aos escravos de Maria;

Alexandre VII (1655-1667) – Expediu um bula, a 23 de junho de 1658, na qual, por motivo da organização da “Sociedade da Escravidão’’ em Marselha;

Pio IX (1846-1878) – É sob seu pontificado que, a 12 de maio de 1853, se promulga em Roma o decreto que declara que os escritos do Padre Luís Maria Grignion de Montfort eram isentos de todo erro que pudesse obstar-lhe a beatificação;

Leão XIII (1878-1904) – Beatificou o Padre de Montfort e morreu renovando sua Total Consagração a nossa Senhora e invocando o nome do então Beato Luís Maria de Montfort;

São Pio X (1904-1914): Ao responder aoPedido do Procurador Geral dos Padres Monfortinos para que abençoasse seu apostolado de difusão da Total Consagração à Santíssima Virgem, o Santo Papa disse: “Atendendo ao vosso pedido, recomendamos vivamente o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, tão admiravelmente escrito belo Beato de Montfort; e a quantos lerem este Tratado concedemos, de todo coração, a benção apostólica’’.

Bento XV (1914-1922) – Em carta a família Monfortana escreveu: “O Tratado da Verdadeira Devoção é um livro pequeno em tamanho, mas de uma grande autoridade e de uma grande unção. Possa ele espalhar-se mais e mais, e avivar o espírito cristão em um grande número de almas.’’;

Pio XII (1939-1958) – Canonizou São Luís de Montfort em 1947 e tinha uma grande relíquia desse santo em sua capela particular;

João Paulo II (1978-2005) – Fez sua Total Consagração quando ainda era seminarista. Foi um grande devoto de São Luís G. de Montfort a quem chamava de mestre da vida espiritual. Foi um dos maiores apóstolos da Santa Escravidão Mariana em nossos tempos, ao ponto de fazer da Total Consagração o lema de seu pontificado. Seu ‘’Totus tuus’’, correu o mundo e deu testemunho de sua grande estima a esta grande espiritualidade. Escreveu a família Monfortana dizendo que ‘’não se deve deixar escondida’’ esta consagração;

Bento XVI (2005-2013) – Durante seu pontificado foi convocado o ano sacerdotal (2009-2010) em cujo encerramento foi distribuído para todos os sacerdotes presentes na Praça da Basílica de São Pedro, uma cópia do “Segredo de Maria’’, uma espécie de resumo do Tratado da Verdadeira Devoção, escrito também por São Luís de Montfort.